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Cântico Negro

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Créé par

Portugal

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Cântico Negro

Alcina Correia
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sangrentos estradas seguros sangue abismos átomo doces definições cansaços ventre intenções torrentes lassos rasguei inexplorada Deus Diabo Miragem desertos

Cântico Negro
" Vem por aqui " - dizem - me alguns com os olhos
Estendendo - me os braços , e
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem : " vem por aqui ! "
Eu olho - os com olhos ,
( Há , nos olhos meus , ironias e )
E cruzo os braços ,
E nunca vou por ali . . .

A minha glória é esta :
Criar desumanidade !
Não acompanhar ninguém .
- Que eu vivo com o mesmo sem - vontade
Com que o à minha mãe

Não , não vou por aí ! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos . . .

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis : " vem por aqui ! " ?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos ,
Redemoinhar aos ventos ,
Como farrapos , arrastar os pés ,
A ir por aí . . .

Se vim ao mundo , foi
Só para desflorar florestas virgens ,
E desenhar meus próprios pés na areia !
O mais que faço não vale nada .

Como , pois sereis vós
Que me dareis impulsos , ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos ? . . .
Corre , nas vossas veias , velho dos avós ,
E vós amais o que é fácil !
Eu amo o Longe e a ,
Amo os , as , os . . .

Ide ! Tendes ,
Tendes jardins , tendes canteiros ,
Tendes pátria , tendes tectos ,
E tendes regras , e tratados , e filósofos , e sábios . . .
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto - a , como um facho , a arder na noite escura ,
E sinto espuma , e sangue , e cânticos nos lábios . . .

Deus e o Diabo é que guiam , mais ninguém .
Todos tiveram pai , todos tiveram mãe ;
Mas eu , que nunca principio nem acabo ,
Nasci do amor que há entre e o .

Ah , que ninguém me dê piedosas !
Ninguém me peça !
Ninguém me diga : " vem por aqui " !
A minha vida é um vendaval que se soltou .
É uma onda que se alevantou .
É um a mais que se animou . . .
Não sei por onde vou ,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí !

José Régio , in 'Poemas de Deus e do Diabo '