Uma noite, voou por cima da cidade uma andorinha.
Todo o dia seguinte esteve pousada no ombro do Príncipe e contou-lhe histórias.
- Porque choras, então? Encharcaste-me por completo.
- Santo Deus! - exclamou o presidente da cidade. - Que miserável aspeto tem o Príncipe.
Folha após folha de fino ouro levou aos pobres, e as faces das criancinhas ganhavam cor e elas riam e brincavam nas ruas.
- Que bonito pedaço de cristal! - exclamou a vendedora de fósforos, e correu para casa, muito contente.
No meu jardim do Paraíso esta avezinha cantará eternamente e na minha Cidade de Ouro o Príncipe Feliz adorar-me-á.
Longe, muito longe, vejo um jovem numas águas furtadas. Está debruçado sobre uma mesa cheia de papéis.
Temos de publicar um decreto proibindo as aves de viver e morrer aqui.
Lá muito acima da cidade, numa alta coluna, erguia-se a estátua do Príncipe Feliz.
- Que fenómeno tão raro! - disse o professor de Ornitologia que passava na ponte. - Uma andorinha no inverno!
- Espero que o meu vestido esteja pronto para o baile de gala, mandei que lhe bordassem martírios; mas as costureiras são tão preguiçosas!
A Andorinha arrancou então da espada do Príncipe o grande rubi, levando-o no bico por cima dos telhados da cidade.